Levantamento da Emater/RS-Ascar indica safra de uva acima do “normal” na Serra Gaúcha
Uma safra surpreendente, assim pode-se definir a safra de uva 2024/2025 na Serra Gaúcha. Conforme levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar em 55 municípios - 49 que compõem a região de Caxias do Sul e outros seis das regiões administrativas de Lajeado e de Passo Fundo -, a estimativa é de uma produção de 860.000 t. Isso representa um aumento de 55% em relação à safra anterior (23/24) e de 5% se comparada a uma safra “normal”. O cálculo engloba toda a fruta com propósito comercial, ou seja, para transformação industrial (745.000t) ou doméstica (15.000t), e a para consumo in natura (100.000t).
A colheita da variedade mais cultivada na região, a Bordô, que deveria acontecer em fevereiro, foi antecipada em 20 dias, o que indica que a Vindima poderá encerrar no final do mês de fevereiro. As cultivares superprecoces e precoces apresentaram ótima sanidade das bagas, coloração e teor de açúcar. Mantendo-se as condições climáticas semelhantes às atuais, as variedades de ciclo médio e as tardias (Cabernet Sauvignon, Moscatos, Isabella) deverão apresentar a mesma qualidade.
Conforme o engenheiro agrônomo do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Enio Ângelo Todeschini, com os desastres naturais históricos que marcaram o ano de 2024, especialmente o excesso de chuvas no outono e inverno, que mantiveram o solo saturado de água por quatro meses, era de se esperar uma safra com sérias deficiências. “Surpreendentemente houve uma ótima brotação – número e vigor das gemas; fertilidade (número de cachos/broto) dentro da média e tamanho/peso dos cachos acima da média”, afirma.
Contribuíram para isso o acúmulo de horas de frio (< 7,2oC), embora mal distribuído, um pouco acima da média histórica; a alternância fisiológica; a ausência de geadas tardias; e as condições climáticas do período de setembro a dezembro (frequente ocorrência de baixas temperaturas noturnas, e temperaturas máximas diurnas, abaixo das médias para a época do ano), que favoreceram o florescimento, o desenvolvimento e a maturação das bagas, bem como a sanidade da cultura, reduzindo as intervenções fitossanitárias.
Todeschini destaca ainda a importância de outra prática que vem sendo trabalhada pela Emater/RS-Ascar há décadas: o uso de planta de cobertura do solo. “É a prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazo, reduzindo o uso de herbicidas e fertilizantes, as perdas de solo, nutrientes e água. A cada ano que passa, o manejo imprimido aos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se em aumento da produtividade ou, como nessa safra, na redução das perdas”, conclui.
Com relação ao preço recebido pelo produtor, o extensionista lembra que, embora houvesse uma expectativa inicial de a indústria remunerar com valores minimamente semelhantes aos da safra anterior, pelos baixos estoques de produtos, à medida que foi se constatando uma safra maior, prevaleceu a lei da oferta e da procura, na qual a precificação sempre segue uma curva inversamente proporcional à oferta do produto.
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