Dólar recua com falta de medidas concretas em política comercial dos EUA

Publicado em 22/01/2025 09:45 e atualizado em 22/01/2025 10:27

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Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nesta quarta-feira, em linha com as perdas nos mercados globais, à medida que investidores continuam de olho nas ações apresentadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ponderavam sobre a possibilidade de anúncio de novas medidas fiscais no Brasil.

Às 9h34, o dólar à vista caía 0,3%, a 6,0130 reais na venda. No início da sessão, a divisa chegou a recuar abaixo de 6,00 reais pela segunda vez no ano.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,19%, a 6,025 reais na venda.

Por mais uma sessão, os investidores continuam concentrados em notícias vindas da maior economia do mundo, onde Trump inicia seu novo governo com a assinatura de uma série de decretos e o anúncio de planos para as próximas semanas.

Os mercados têm voltado suas atenções para qualquer indício sobre como será a abordagem do governo Trump para a política comercial do país, uma vez que a promessa de imposição de tarifas de importação esteve no centro da campanha presidencial do republicano.

Apesar de renovar suas ameaças tarifárias nos primeiros dias do cargo, Trump apenas orientou até agora as agências federais a investigarem os déficits comerciais dos EUA e as práticas comerciais injustas de parceiros.

Na véspera, por exemplo, Trump prometeu atingir a União Europeia com tarifas e disse que seu governo está discutindo uma taxa de 10% sobre as importações chinesas, mas as ameaças pareciam gerar pouco efeito nos mercados diante da falta de medidas mais concretas.

"Essa abordagem do governo Trump, de primeiro ameaçar para depois estudar se realmente vai ser implantada alguma tarifa sobre as outras economias, tem levado a um movimento de enfraquecimento global do dólar", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"Visto o que se antecipava, o receio era de que ele teria uma postura agressiva já no seu primeiro dia de mandato", completou.

Nas semanas anteriores à posse de Trump, a divisa norte-americana havia disparado globalmente devido à percepção de que as tarifas prometidas pelo presidente seriam inflacionárias, o que forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros em patamar elevado.

Com isso, em meio a uma abordagem mais moderada do que o esperado anteriormente, investidores têm retirado um pouco do preço do dólar.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,16%, a 107,970, rondando seus menores valores em três semanas.

Na cena doméstica, o início do ano segue sendo marcado por falta de impulsos, além de uma grande sobreposição das notícias que chegam dos EUA.

Analistas apontam que o principal receio do mercado ainda é o cenário fiscal, uma vez que os agentes financeiros duvidam do compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, o que só aumentou desde o fim do ano passado.

Nesse ponto, o secretário do Tesouro Nacional apontou mais cedo que o governo pode apresentar novas medidas fiscais, após a aprovação pelo Congresso de propostas de contenção de gastos no mês passado, caso julgue serem necessárias para o cumprimento das metas fiscais deste ano.

Falando em entrevista à Rádio Gaúcha, ele afirmou que o governo neste momento está justamente fazendo um balanço do que foi aprovado em 2024 para já avaliar se há a necessidade de apresentação de medidas adicionais.

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Fonte:
Reuters

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